segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Últimas palavras de fundação deste blog:


Agora podemos concluir a reflexão que fizemos nestas postagens de fundação desse nosso blog sobre Ecologia, Ética, Teologia e Ideologia. Esperamos que alguns pontos tenham ficado claros no decorrer das próprias exposições e que o peso das provas reunidas por nós e por outros autores tenham mostrado o que, ao nosso ver, podem ser considerados como pontos pacíficos.



Foi e sempre será nosso propósito aqui o de afirmar que o primeiro e mais importante de todos esses pontos é o relativo à falência do atual modelo de desenvolvimento que está reduzido ao mero crescimento econômico.



Importou-nos aqui como solução, resgatar o verdadeiro sentido do desenvolvimento, que implica em um desenvolvimento harmônico e com justiça social, respeitando-se as pessoas e a natureza.

Só que para atingirmos tal desenvolvimento teremos que mudar completamente nossa mentalidade. O homem terá que passar por uma outra fase revolucionária, desta vez uma revolução pelo pensamento e pela consciência, uma revolução que afaste a visão egocêntrica e amtropocêntrica e que tenha por base a valorização da vida e por valor básico a dignidade humna.


Esta reorientação total na visão dos rumos de nosso mundo e na própria maneira de encará-lo não significa uma regressão ou um abandono da técnica ou do desenvolvimento, mas sim uma correção de rumos decisiva que impeça o suicídio coletivo da humanidade e, promova finalmente um verdadeiro desenvolvimento que seja duradouro e que leve a uma verdadeira felicidade humana e conservação do nosso planeta.

A Libertação da Opressão :


A libertação de todas as formas de opressão é outro imperativo básico para completar esta mudança de mentalidade e de concepção de mundo. Aqui,o que deve nortear a ação do homem é a Ética e, o padrão universal absoluto a ser utilizado deve ser o da dignidade da vida.


Vivemos nos dias de hoje uma realidade dura forjada por grande avanço tecnológico, mas em uma situação de estagnação ou mesmo de retrocesso no campo da ética. Desta forma, como indicou o historiador TOYNBEE, "a disparidade entre nossa tecnologia e a nossa ética é hoje mais acentuada do que nunca" (1) e teremos que mudar esta relação para atingirmos dignidade humana. O progresso ético deve ser tão grande ou maior do que o progresso tecnológico e, deve ser pautado pela compaixão e pelo amor. Não podemos mais impor o domínio sobre os nossos semelhantes explortando o trabalho dos outros e os recursos da terra (2).


A consciência de uma origem comum de todas as criaturas é uma necessidade nos dias de hoje. A dominação sobre os outros homens ou criaturas só cabe no modelo atual de desenvolvimento que é preciso superar. O atual sistema de produção não se volta apenas contra a natureza, mas também contra outros seres humanos. "Estribados no princípio da lei do mais forte, estimulamos em sua ganância e egoísmo, os mais poderosos vão açambarcando para si aquilo que o Criador previra para o uso de todos. A acumulação de riquezas exige, em sua lógica interna, não só a exploração do meio ambiente, mas também a exploração desapiedada dos próprios semelhantes" (3).



O processo de libertação vivido pelo ser humano deve completar-se portanto com a libertação em relação ao sistema sócio-econômico. Este sistema baseado na desigualdade e na sociedade de consumo não pode manter-se, principalmente devido à provável exaustão das matérias-primas e à depredação do meio ambiente. O grande número de pessoas que vivem em pobreza absoluta acaba por comprometer definitivamente o sistema e afastar qualquer justificativa de sua manutenção (4).



O processo de libertação humana é necessário e é a "concretização histórica da libertação de Deus".

"A libertação é humana porque é efetivada pelo homem em sua liberdade; entretanto é Deus quem move e penetra a ação humna de tal forma que a libertação possa ser dita como libertação de Deus. O processo histórico antecipa e prepara a definitiva libertação no Reino; as libertações humans ganham uma função sacramental; possuem seu peso próprio, mas também sinalizam e antecipatoriamente concretizam o que Deus preparou definitivamente para os homens" (5).
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  1. A. J. TOYNBEE e Daisaku IKEDA - Escolha a vida, p. 346.
  2. A. MOSER - "Ecologia: perspectiva Ética" in Teologia Moral: desafio atuais, pp. 135-156, esp. p.154.
  3. A. MOSER - "Ecologia: perspectiva Ética", cit., p.149.
  4. A. MOSER - O problema ecológico... pp. 68-69.
  5. Leonardo BOFF - A graça libertadora no mundo, p.184.