terça-feira, 20 de abril de 2010

A escalada consumista:

Segundo Gilles Lipovetsky, autor de obras emblemáticas como A Era do Vazio e a A Felicidade Paradoxal, já não podemos falar de sociedade de massas. Esse é o ponto de partida de nossa reflexão para o dia de hoje. Um um outro título para a postagem poderia ser "A felicidade na sociedade de hiperconsumo".
Esse fílósofo francês, também autor do conceito de "hiper-modernismo", explicou que desde o final dos anos 70 assistimos à emergência de uma sociedade de hiperconsumo, em que "o consumo não é linear, é dessincronizado, havendo uma utilização personalizada dos objetos e serviços".
Isso explica porque os padrões de consumo deixaram de obedecer à cultura de classes - um conformismo que desapareceu. Ainda que a desigualdade econômicas se mantenham, agora todas as pessoas têm as mesmas aspirações. Disso, diz esse autor " é reflexo a mundialização da da contrafacção", referindo ao fato de todos quererem consumir produtos de marca.
Lipovetsky acredita que a escalada consumista é imparável e que o consumo não será afetado pela crise econômica. O hiper-consumo funciona como uma "espiral interminável", em que o consumidor é motivado não só pela procura de estatuto e de prestígio, mas pelo seu proveito pessoal. O consumo funciona cada vez mais como uma "viagem", uma evasão da banalidade do quotidiano. "Depois há uma obsessão com a novidade ... e uma legitimação da cultura hedonista".
Podemos fazer tudo o que desejarmos, embora o preço a pagar seja a ansiedade. E parar compensar esse mal-estar... consumimos. Consumimos em contínuo, em qualquer lugar, a qualquer hora: o consumidor é nômade, imprevisível, o hiper-consumo transformou o tempo social. Já não estamos numa lógica de quantidade, nas sim de exigência de qualidade, e "é esta nova cultura de bem-estar que a crise não vai afetar", diz Lipovetsky.
A sociedade de hiper-consumo é cega, devastadora e suicida: põe em perigo as gerações futuras. mas, como temos afirmado aqui neste blog, temos que mudar algo como o modelo energético, não, tão somente, os nossos padrões de consumo.

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