quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ecologia e Ideologia 7:



O assunto que tratamos em nossa útima postagem acaba por apresentar vários outros problemas - novas peças para o mesmo jogo. Em primeiro lugar os países industrializados que produziram grande parte da atual contaminação do meio ambiente não querem diminuir as suas riquezas e mudar o estilo de vida dos seus habitantes e acenam para os países subdesenvolvidos procurando mostrar a sua responsabilidade na preservação do meio ambiente. Os países subdesenvolvidos temem criar obstáculos às suas economias em crescimento e exigem cada vez maior ajuda econômica para tomar medidas ecológicas (1). Nos países do Primeiro Mundo, os organismos ambientalistas e de defesa dos povos indígenas pressionam para que as instituições multilaterais de desnvolvimento condicionem a aprovação dos empréstimos à adoção de medidas de preservação do meio ambiente (2).
Seguindo essa linha, instituições como o Bird e o BID condicionam a liberação de fundos para o desenvolvimento às questões ambientais (3), utilizando a ecologia como pretexto para o monitoramento e uma ingerência nos países subdesenvolvidos. A própria "ajuda" dos países ricos aos subdesenvolvidos tem ficado bem abaixo do necessário (4).
A verdade é que os problemas ecológicos vão exigindo uma remodelação de nossas idéias e a derrubada de certas ideologias. A partir de um relatõrio do Clube de Roma (1972) já se admitiam Os limites do crescimento (5) e muitos ecologistas já se questionam sobre a existência do próprio futuro devido ao fato de Gaia (a Terra) estar doente (6).

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  1. Bil Mc KIBBEN - O fim da natureza. p. 194 assinala que 0 "pensamento de que as pessoas que vivem na pobreza, quer seja a pobreza desesperada ou apenas a pobreza deprimente reprimam seu desejo de uma vida marginalmente melhor só por causa de algo como o efeito estufa é absurdo".
  2. Steve SCHWARTZAWAN - "Desenvolvimento, meio ambiente e povos indígenas" in Tempo e Presença, 230: 11-13, maio de 1988.
  3. Mary Helena ALLEGRETTI - "Natureza e política externa brasileira" in Tempo e Presença, 230: 14-15, maio 1988.
  4. G. BARRACLOUGH e G. PARKER - Atals da história do mundo, 295.
  5. D. MEADOWS et al. - Limite do Crescimento. São Paulo, Perspectiva, 1972.
  6. Cf. J. LUTZEMBERGER - Fim do futuro? (manifesto ecológico brasileiro). Porto Alegre. Editora Movimento, 1980; IDEM - Gaia, o planeta vivo (por um caminho suave). Porto Alegre, L & PM, 1990.

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