terça-feira, 10 de novembro de 2009

Ecologia e Ideologia 10:


Continuemos hoje com comentários acerca do livro Nosso Futuro Comum. A idéia básica do documento continua sendo o do crescimento econômico: "Os problemas ligados à pobreza só podem ser resolvidos sob nova era de crescimento econômico. Nenhum país é capaz de desenvolver-se isoladamente porque a base do desenvolvimento sustentável exige fluxos de comércio, de capital e de tecnologia"(1). O livro toca em importantes problemas econômicos e ecológicos como a pobreza, o aumento populacional, a fome, a produção de alimentos, a dívida externa da América do Sul, o nível baixo da tecnologia dos países em desenvolvimento, desmatamento e desertificação branda, moderada e grave, etc. O livro se baseia principalmente em importantes análises de economistas e em dados colhidos com mais de setecentos especialistas ouvidos em todo o mundo. Como vocês poderão notar a partir da análise que estamos fazendo nestas postagens que recebem o título de Ecologia e Ideologia, a Ideologia é um ponto importante não apenas na compreensão dos problemas ecológicos, mas na própria busca de soluções. A verdade é que por trás de certas ideologias está a tentativa de preservação do atual modelo econômico e de desenvolvimento, ao invés de um verdadeiro reaprendizado do que seja a vida. A mudança da própria concepção de mundo é que se faz necessária, mas o homem resiste a isto. Bill McKIBBEN, depois de assinalar que precisamos substituir "uma idéia do mundo por outra" (2). afirma que isto é sempre difícil no ser humano: "Procuraremos qualquer razão para não mudarmos nossas atitudes; a inércia da ordem estabelecida é poderosa. Se pudermos pensar numa razão plausível - ou mesmo implausível - para descartar as adversidades ecológicas, assim faremos"(3). Também o Pe. Fernado de BASTOS DE ÁVILA S.J. critica os anti-valores que norteiam o nosso mundo (altos padrões de consumo, escalada armamentista, exarcebação dos nacionalismos e tentativa de transformar o subdesenvolvimento em uma função permanente) e comenta: "Seria ingênuo, por exemplo, imaginar que os homens aceitassem espontaneamente a modificação de seus padrões de consumo, que se decidissem a buscar novas formas de realização humana e baixos custos ecológicos, numa palavra, a procurar uma alternativa para a sociedade de consumo" (3). Concluindo essa nossa conversa que esteve presente nas dez últimas remessas, diremos que o que se necessita realmente é rejeitarmos o atual modelo de desenvolvimento que levou à existência de países superdesenvolvidos e subdesenvolvidos, com injustiças sociais e depredação do meio-ambiente. Isso já é assunto para os próximos dias onde estaremos escrevendo algo sobre os problemas ecológicos e o juizo ético. _______________________________________________
  1. Glycon de PAIVA - "A Comissão Mundial...", cit., 28.
  2. Bill McKIBBEN - O fim da natureza. p.106. também Antônio MOSER, O problema ecológico... p.71 afirma que o problema "presupõe uma restruturaçãocompleta do modo de viver e relacionar-se, seja com a Natureza, seja com os outros homens".
  3. Bill McKIBBEN - O fim da Natureza, p.190.
  4. Pe. fernando de BASTOS DE ÁVILA S.J. - "O desafio ecológico" in CM. Rio de Janeiro, XXIV (285): 11-18, dez. 1978, p. 16. A busca de uma alternativa para a atual sociedade de consumo parece ser a cada dia, uma necessidade imperiosa.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo blog, obrigada pela visita ao meu.
    Estarei por aqui sempre que possível.
    Abraços

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