quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ecologia e Teologia 2:


A atitude das religiões nem sempre foi de preservação da natureza. Embora o Budismo ensinasse que a relação entre o homem e a natureza não fosse de oposição, mas de dependência mútua (Esho Funi) (1) o historiador inglês TOYNBEE chamou a atenção para o fato de que foi uma religião, o monoteismo judaico, que abriu o caminho para depredação do meio ambiente:

"Considerava-se o homem e a natureza não humana como criados por esse Deus hipotético, numa analogia com a criação de ferramentas, obras de arte e instituições por seres humanos. Admitiu-se que o Criador tinha o poder e o direito de dispor do que criara. Segundo o Capítulo I, versículos 26-30 do Livro de Gênesis, Deus pôs toda a criação não humana à disposição de suas criaturas humanas a fim de que a explorasse segundo o seu bel-prazer"(2)

O texto de gênesis acabou sendo interpretado de forma literal, principalmente as palavras "submeter" e "dominar" e, desde a época de grandes filósofos como São Tomás de AQUINO (1225-1274), Francis BACON (1561-1626) e René DESCARTES (1596-1660) o homem foi considerado como dominador e escravizador das forças da natureza, com direito de saquear a terra (3).

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  1. Arnold TOYNBEE e Daisaku IKEDA - Escolha a vida, p.37.
  2. Arnold TOYMBEE e Daisaku IKEDA - Escolha a vida, p.39. O texto que o autor faz alusão, Gênesis, I:26-30 é o seguinte: "Deus disse: 'Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança, e que eles dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que rastejam sobre a terra', Deus disse: 'Eu vou dou todas as ervas que dêem sementes, que estão sobre toda a superfície da terra, e todas as árvores que dão frutos que dêm sementes: isso será nosso alimento. A todas as feras, a todas as aves do céu, a tudo que rasteja sobre a terra e que é animado de vida, eu dou como alimento toda a verdura das plantas' e assim fez" (A Bíblia de Jerusalém, p.34).
  3. Cf. Leonardo BOFF, Ecologia, mundialização e espiritualidade. pp. 46-47 para a crítica desta posição. Ake HULTKRANTZ - "Ecology" in E.R., v.IV, p. 581 mostra que esta atitude em relação à natureza só foi rompida pela primeira vez em 1864 com o livro de George P. MARSH, Man and Nature. Também Zwinglio Mota DIAS acha que a passagem do Gênesis só pode ser interpretada relacionando-a com Êxodo. Cf. "Do Êxodo libertador à visão da Criação: uma proposta de vida" in Tempo e Presença. rio de Janeiro, 230: 26-27, maio 1988.

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