Usado na Europa e Estados Unidos, aparato substitui o absorvente higiênico convencional
Em lugar dos tradicionais absorventes descartáveis, utilizados pela grande maioria das mulheres no período menstrual, mas que levam cem anos para se decompor na natureza, as europeias e norte-americanas vêm adotando os copinhos de silicone, usados da mesma forma que os absorventes internos. Apesar da maioria das brasileiras ainda mostrar resistência, alguns especialistas destacam que a solução é limpa e, melhor, não agride o meio ambiente, contribuindo para reduzir o volume de lixo nos aterros sanitários.
"As brasileiras que moram lá fora (no exterior) acabam não usando por uma questão cultural", observa o ginecologista e obstetra do Hospital Albert Einstein, Eduardo Zlotnik. Para o médico, o método é ótimo, por que você gera menos lixo. "A vantagem do copo é que a mulher pode tirar e lavar", diz ele.
No Brasil, o absorvente convecional é o mais consumido. O copinho causa a mesma surpresa que os absorventes internos, quando surgiram no mercado. As mulheres torcem o nariz. É o que conta a dançarina Patrícia Fox, de 42 anos. "Minhas amigas ficam interessadas, mas desconfiadas." Patrícia diz que qualquer mulher que trabalha fora de casa pode incluir o copo em sua rotina, desde que tenha uma pia para lavá-lo, após esvaziá-lo. Antes de começar a usar o copo, não se sentia bem ao descartar absorventes no lixo. "Quando descobri o copinho me senti muito mais leve", desabafa.
Mas a higiene do método e mesmo a necessidade premente de se evitar a poluição por absorventes higiêncos tradicionais estão longe de ser consenso. A fotógrafa Maíra Gross, 31 anos, usa os absorventes convencionais descartáveis e se diz satisfeita. "Não vejo um absorvente reutilizável como algo higiênico", diz. Para Maíra, antes do absorvente ser considerado como algo a ser reciclado, os lixos mais comuns - como o orgânico doméstico e os recicláveis, como papel e vidro - devem ser prioridade. E alfineta: "O uso de fraldas descartáveis deveria ser analisado antes."
No tempo da vovó
Há ainda quem defenda a volta dos paninhos, uma controvérsia tão grande como os reutilizáveis de silicone. Formada em medicina natural há cinco anos, Maíra Salomão alterna os panos com o copo interno. "É extremamente higiênico e muito mais prático para as mulheres que tem uma rotina intensa". Segundo Maíra, o copo tem o formato do cólo e se adapta melhor ao útero, diferente dos absorventes internos.
As marcas mais comuns usadas pelas americanas e europeias são o Mooncup (http://www.mooncup.co.uk/languages/pt/compre-o-agora/Brasil.html ), o DivaCup (http://www.divacup.com/), The Moon Keeper (http://www.keeper.com/), Fleurcup (http://fleurcup.com), Femmecup (http://www.femmecup.com), Ladycup (http://www.ladycup.eu/), Lunette (www.lunette.fi/pt/).
O médico Eduardo Zlotnik lembra que o uso de reutilizáveis é uma boa opção quando componentes dos absorventes descartáveis causam alergia. "É um detalhe que faz com que a gente peça para a paciente mudar de marca", acrescenta, lembrando que, nas classes de menor poder aquisitivo, isso não é possível. "Em classes menos favorecidas economicamente, a gente encontra muitas mulheres usando paninho. Não é barato para quem ganha um salário mínimo, e tem que sustentar uma família, gastar mais cinco reais por mês em absorvente", explica o ginecologista.
Para a fotógrafa Maíra Gross a volta ao pano talvez não seja a melhor solução. "Haveria mais consumo de água, o que não seria bom. Precisamos de uma solução mais abrangente", conclui.